quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ecoturismo e educação ambiental no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga.

Prezados amigos,


No contexto do Projeto Kalunga Sustentável, que é patrocinado pela PETROBRAS e realizado pela Associação Quilombo Kalunga em parceria com a Aimará, estamos dando continuidade à implementação e realização direta de atividades previstas para consolidar o turismo como atividade geradora de renda, com foco neste momento na comunidade Engenho II do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, em Cavalcante/GO. Assim, a partir de uma pesquisa de conteúdo sobre outras capacitações já realizadas tanto para os condutores Kalungas quanto para aquelas oferecidas na cidade de Cavalcante/GO, realizamos, nos últimos três meses, duas atividades importantes, e que ainda terão desdobramentos neste ano de 2011.

A primeira delas foi um curso de Sustentabilidade e Organização do Turismo, realizado em agosto de 2011.

Foto 01: Prof. Fernando Vasconcelos e condutores Kalungas.
Aula prática do treinamento em Sustentabilidade e Organização
do Turismo. Agosto 2011.


Com base nesse levantamento de dados secundários sobre o conteúdo dos cursos já ministrados na região, montamos uma grade de conteúdo que buscou organizar o momento da recepção e dar mais segurança para a condução dos turistas. Para tanto, nos inspiramos no Programa Aventura Segura da ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura) e, em especial, na Norma ISO 15285 – Turismo de Aventura – Condutores – Competência Pessoal.

Foto 02: Prof. Fernando Vasconcelos e condutores Kalungas.
Aula prática do treinamento em Sustentabilidade e Organização
do Turismo. Agosto 2011.

Vale dizer que a Norma é de aplicação voluntária. Entretanto, sua aplicação está baseada numa rotina de planejamento da atividade ecoturística e, nesse contexto, permite ao gestor e condutores da atividade oferecer o mesmo serviço de forma muito mais segura. Os resultados vão desde a transmissão de uma sensação de segurança maior pelo turista que contrata o serviço até a fidelização do cliente.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido para a aplicação integral da Norma, entretanto, há motivação para os primeiros passos nessa direção e a qualidade do serviço dos condutores Kalungas deve ficar ainda melhor já a partir desse final de ano.

Sobre a sustentabilidade ambiental da atividade do ecoturismo, discutimos os atuais traçados das trilhas a partir de seus aspectos teóricos, com o objetivo de se introduzir melhorias de diferentes proporções nas trilhas. E depois realizamos uma atividade de campo. Época de chuva chegando, erosões aparecendo... Mas aqui há uma dificuldade adicional e histórica. As trilhas Kalungas não são trilhas exclusivas para o ecoturismo. Pelo contrário! Ainda existem fazendas não desapropriadas dentro do território e por essas passam alguns poucos veículos, como é o caso da trilha para a Cachoeira Santa Bárbara. Ou, ainda, como no caso da trilha da Cachoeira Capivara, onde temos a passagem de cavalos que transportam a produção das roças de alguns dos Kalungas.

Para implementar melhorias no atendimento, a próxima etapa dessa atividade será levar todas as proposições acordadas com os alunos durante o treinamento para a Associação de Guias Kalungas e para a Associação Quilombo Kalunga - a Associação mãe dos Kalungas.

Uma segunda atividade igualmente importante foi o início do levantamento florístico da trilha da Cachoeira Capivara. As ações definidas para essa atividade foram a identificação de espécies  significativas para o ecossistema do Cerrado, no percurso até a Cachoeira, e posterior plaqueamento no decorrer da trilha. No processo de planejamento, definimos que as espécies  deveriam ter não só uma avaliação científica, mas também, um olhar a partir da cultura Kalunga. Nossa estratégia foi a de unir o conhecimento tradicional com a ciência botânica. Com isso, o resultado que se espera é promover educação ambiental naquela comunidade e aos visitantes, e, ainda, que a valorização gerada nessa trilha resulte no aumento da satisfação do turista que visita a Cachoeira.

Foto 03: Coleta florística para identificação e valorização do Cerrado
na Trilha da Capivara. Na foto, Renata Martins e Jorge Moreira
realizando a coleta. Outubro, 2011.

Para tanto, contamos com a dedicação da doutoranda Renata Martins/UnB para a coleta e avaliação científica e, pela comunidade Kalunga, tivemos a colaboração do Sr. Jorge Moreira, que teve a missão de apresentar o conhecimento da comunidade sobre as espécies do Cerrado. A junção dessas duas visões de mundo permitiu um trabalho de diagnóstico muitíssimo rico. Mais ainda, possibilitou uma capacitação adicional para oito condutores Kalungas de ecoturismo que participaram da atividade.

Foto 04: Identificação e aula sobre a fisiologia e usos da flora do
 Cerrado. Condução: Renata Martins e Jorge Moreira. Outubro, 2011 .

Foto 05: Identificação e aula sobre a fisiologia e usos da
flora do Cerrado na Trilha da Capivara para grupo de condutores Kalungas.
Condução: Renata Martins e Jorge Moreira. Outubro, 2011 .

A próxima etapa será a repetição dessa estratégia de levantamento, classificação e plaqueamento para a trilha da Cachoeira Santa Bárbara. Os atrativos naturais ficarão ainda mais interessantes!
Em breve teremos mais informações. Siga o nosso blog!

Um abraço a todos,
Fernando Vasconcelos
Aimará Gestão Ambiental

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Projeto Kalunga Sustentável: Turismo, cidadania e geração de renda no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga/GO, o maior território quilombo do Brasil.

O Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga

O Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga está localizado nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre, situados no norte do Estado de Goiás. Representa o maior território quilombo do Brasil, com mais de 259 mil hectares, um verdadeiro santuário ecológico de Cerrado preservado que abriga inúmeras serras, rios, cânions, cachoeiras, constituindo uma das maiores belezas cênicas da Chapada dos Veadeiros. A formação do Sítio Histórico é fruto, também, da resistência de mais de 300 anos da luta dos afro-descendentes dessa região e hoje, ela representa cerca de 2.000 famílias, aproximadamente 8.000 pessoas, organizadas em mais de 20 comunidades e 42 localidades, distribuídas pelos vãos (vales) que mantêm viva a cultura Kalunga.


Foto 01: Cachoeira da Capirava. Engenho II.
Sítio Histórico Kalunga

Foto 02: Ponte sobre o Rio Paranã/GO,
próximo a Comunidade de Emas,
em Teresina de Goiás/GO.

O Turismo como elemento de desenvolvimento e geração de renda

O Brasil tem atributos naturais e culturais encantadores por toda sua extensão territorial. Singulares pela beleza cênica, fruto de misturas culturais ou forjados pelo isolamento, temos a cara da diversidade de ambientes e traços culturais que formam a base do nosso patrimônio socioambiental.

Por outro lado, desconhecemos a maior parte dessa riqueza. As distâncias, as condições de acesso ou a completa falta de infraestrutura perpetuam nossa ignorância. Por isso mesmo que trago a vocês a experiência de estar participando da execução do Projeto Kalunga Sustentável: Cidadania e Geração de Renda.


Foto 03: Memorial Kalunga Casa de Lió. Elementos da cultura
Kalunga sendo valorizados por outros projetos.


Foto 04: Rio do Prata. Caminho para Capela Vão do Moleque.
Sítio Histórico. Município de Cavalcante/GO.

Esse Projeto, patrocinado pelo Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania, deu condições à Associação Quilombo Kalunga (AQK), a Associação mãe das comunidades Quilombolas Kalungas do nordeste goiano, de iniciar a construção de três bases, interdependentes, de geração de renda e cidadania:

1. O desenvolvimento de capacidades na área do ecoturismo1, com a capacitação de guias e cozinheiras para melhorar a recepção de visitantes no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga. No que se refere ao ecoturismo, contará com investimentos na divulgação, na sinalização das trilhas e dos atrativos, entre outros;

2. O desenvolvimento de capacidades nas áreas do agroextrativismo e beneficiamento dos frutos do Cerrado, com objetivo de difundir técnicas de coleta e processamento destes recursos naturais de forma sustentável; e

3. O desenvolvimento de capacidade de lideranças sociais em negócios sustentáveis, em especial na elaboração de planejamento estratégico, gestão de projetos e questões administrativas & financeiras.

Sob o aspecto institucional de implementação, a Aimará foi contratada para coordenar os trabalhos de ecoturismo, articulação institucional e acompanhamento da implementação do Projeto, além de ter participado da elaboração do escopo do Projeto. Foi contratada também uma empresa para os produtos de comunicação, coordenada pelo Cléber Machado, e estabelecida uma parceria com o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), uma ONG com 20 anos de tradição atuando no cerrado brasileiro. Esperamos ao longo dos trabalhos envolver novos parceiros.

Ainda sobre a execução do Projeto, a AQK contratou como funcionários quatro pessoas do próprio Sítio Histórico Kalunga, sendo 3 Assistentes de Projeto (um de cada município do Sítio Histórico) e um Motorista; e um profissional para atuar como coordenador técnico.

Por intermédio da implementação do conjunto das atividades previstas no Projeto espera-se promover uma melhoria na qualidade de vida do povo Kalunga, também, a partir do aumento da renda per capita.



Foto 05: Reunião comunitária na comunidade Capela Vão do Moleque.
Sítio Histórico. Cavalcante/GO


O perfil do turista no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga

O perfil do (eco)turista, em especial o interessado pela Chapada dos Veadeiros no nordeste do estado de Goiás, tem peculiaridades. E a primeira característica que nos cabe a apresentar é sobre o perfil dos visitantes. Eles são formados por grupos, responsáveis por 83% dos visitantes ao PNCV. Entre eles, temos que 75% são formados por contingentes de 2 a 5 pessoas. Igualmente, é interessante notar que 92% desse público não inclui crianças (EMBRATUR e FIPE, 2002), caracterizando um perfil mais homogêneo em termos de habilidades e disposição para o ecoturismo e suas condições específicas de realização - e muitas vezes bastante precárias.

A prática do ecoturismo com qualidade encontra excelente recepção na região, principalmente, quanto ao que se refere à troca de informações pouco mais técnicas sobre a realidade do ecossistema local, sua dinâmica e seu contexto geográfico. Contribui para essa perspectiva o grau de instrução dos freqüentadores do PNCV: 82,3% com nível superior completo ou incompleto – mais do que o dobro da média nacional (EMBRATUR e FIPE, 2002).

Outros elementos, tais como o ‘principal meio de transporte’ (carro próprio atinge 55% da amostra) e a ‘faixa de renda’ (60% ganham acima de R$ 2,5 mil reais/mês) apontam para um turista consciente e exigente por produtos de qualidade em níveis superiores a média nacional, com folga.



Foto 06: casa de adobe. Sítio Histórico e Patrimônio Cultural
Quilombo Kalunga. Município de Cavalcante/GO.


Foto 07: Organização de tampas de panelas. Vão de Almas. Sítio Histórico.

No Sitio Histórico e Patrimônio Cultural Quilombo Kalunga, em especial no Engenho II – principal destino para o ecoturismo dentro do Sítio Histórico -, estamos contribuindo para o detalhamento e atualização desse perfil a partir da aplicação de um formulário de satisfação do turista sobre a prestação do serviço contratado e a qualidade do mesmo. A AQK, a Associação de Guias Kalungas, quatro refeitórios ali localizados e a pousada Sol da Chapada, em Cavalcante, estão apoiando essa iniciativa com uma gentil solicitação de preenchimento de formulários após a visitação dos atrativos.

Antes da aplicação do formulário, estabelecemos um procedimento metodológico visando dar sustentação à base de dados. Nossa opção metodológica foi por uma estimativa da ‘amostra do estudo’ dentro de um procedimento aleatório (não induzido sobre uma tipologia específica do grupo de turistas) e por conveniência (turistas que almoçam no Engenho II, por exemplo) sobre a população-alvo de turistas. E não se pretende que todo o universo de turistas do Engenho II seja atingido com os formulários.


Foto 08: grandes dificuldade no deslocamento - rios e
serras como obstáculos.


Foto 10: Tinguí, já aberto, para produção de sabão.
Comunidade do Prata. Cavalcante/GO.

Os Primeiros Resultados da Pesquisa de Satisfação do Turista

A pesquisa de satisfação do turista foi elaborada com o propósito de se monitorar alguns dos indicadores de execução do Projeto Kalunga Sustentável. Aproveitamos a oportunidade para incluir questões sobre o perfil do visitante e os primeiros resultados não só confirmam o perfil do turista da Chapada dos Veadeiros, mas também, está permitindo um diagnóstico situacional dos atrativos a partir da rica visão dos clientes. Acredito que é a primeira vez que os clientes, nessa região, têm a oportunidade de sugerir medidas para a melhoria do serviço prestado pelas comunidades Kalungas do Sítio – foco principal da iniciativa.

Os resultados também mostram um direcionamento do fluxo da atividade turística para somente dois dos vários atrativos localizados dentro do Sítio Histórico, no que se refere ao município de Cavalcante: por enquanto, os resultados apontam que 98% da visitação está sendo realizada nas cachoeiras de Santa Bárbara e Capivara. Os guias também têm sido igualmente bem avaliados e 90% dos turistas aprovam o serviço prestado - ninguém fez nenhuma avaliação negativa! (Aimará Gestão Ambiental, 2011).

Especificamente sobre o perfil do ecoturista, até agora temos que 95% dos turistas no sítio histórico declararam ter nível superior como sua escolaridade (Aimará Gestão Ambiental, 2011). Impressionante, não? Outros aspectos sobre a segurança das trilhas, sinalização, atrativos mais visitados, avaliação sobre o serviço de guias e refeitórios, entre outras questões, também estão sendo monitorados e em breve serão divulgados neste blog.

Foto 11: Condições precárias para a integração
entre as comunidades.


E vamos em frente!

O trabalho só começou. Os primeiros trabalhos de campo foram realizados em 30 de maio deste ano e na sequência já estivemos com as comunidades de Dona Procópia, Tinguizal, Emas, Engenho, Prata, Vão do Moleque e Vão das Almas. E ainda há muito que ser feito. Várias ações complementares estão sendo realizadas para viabilizar a execução do projeto. Nossa próxima atividade aponta para agosto de 2011, quando iniciaremos cursos de capacitação exclusivos para as comunidades Kalungas que residem no Sítio Histórico.

Comente este texto! E cadastre-se no blog. A estatística será atualizada trimestralmente.
Um abraço a todos,
Aimará Gestão Ambiental

sexta-feira, 4 de março de 2011

Unidades de Conservação ao Longo da Rodovia BR-319: planos de gestão e conselhos gestores.

O Contexto de Criação das UCs estaduais do Amazonas ao longo da BR-319

Como parte dos compromissos entre o governo federal e o estadual para a retomada do asfaltamento da rodovia BR-319, medidas mitigadoras dos impactos potenciais dessa obra foram estabelecidas em conjunto com os órgãos ambientais de licenciamento. Um dos resultados desses entendimentos foi que ao final de março de 2009, o governo do estado do Amazonas criaria seis novas unidades de conservação (UC) situadas na área de influência da BR-319. Assim, o estado criou a Floresta Estadual de Canutama, a Reserva Extrativista de Canutama, a Floresta Estadual de Tapauá, o Parque Estadual do Matupiri, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Matupiri e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Igapó-Açú. Essa iniciativa estava prevista no Plano Integrado de Proteção e Implementação de UCs da rodovia. Por sua vez, o Plano foi uma exigência do Ministério do Meio Ambiente para o processo de licenciamento ambiental da BR 319.

Vale considerar que a rodovia não tem a licença ambiental do IBAMA para seu asfaltamento. Mas independente disso, as UCs já estão criadas desde 2009. A RDS Rio Madeira desde 2006. Nosso entendimento sobre essa questão foi de apoiar o fortalecimento das unidades de conservação e deixá-las preparadas da melhor forma possível para combater tentativas de desmatamento que já se avizinham.

Figura 01. Mapa de localização das UCs do IPUMA.
(destaque em rosa e verde para a RDS Rio Madeira)

Fonte: SDS/AM, 2009.

O Surgimento da Iniciativa Purus-Madeira (IPUMA)

A Iniciativa Purus-Madeira nasce a partir da necessidade do estado do Amazonas de implementar as novas unidades, além das que já existiam naquela região, e assim, o escopo de trabalho da IPUMA foi desenhado para atender o objetivo de se elaborar 7 planos de gestão, propor 6 conselhos gestores e elaborar um plano de monitoramento para 7 UCs localizadas no interflúvio dos Rios Purus e Madeira e, obviamente, situadas na mesma área de influência da BR-319.

Para tanto, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS/AM) contratou a Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera para dar início ao processo assumindo a execução orçamentária e montando a equipe da IPUMA. Em seguida foram contratados 18 bolsistas (basicamente pesquisadores por grupo taxonômico), além de outras 4 instituições, como se segue:

Aimará Gestão Ambiental: contribuiu com o diagnóstico sobre as potencialidades do uso público, com foco no turismo, para todas as UCs; na supervisão técnica financeira de todos os 18 contratos de bolsistas e instituições parceiras; com o fornecimento de insumos em geotecnologia e mapeamento participativo (com apoio da Mapsmut); no relacionamento estratégico com os chefes das unidades de conservação, dirigentes do Centro Estadual de Unidades de Conservação e das instituições parceiras; e, também, com a logística geral das atividades de campo;

Instituto Pacto Amazônico (IPA): realizou diagnósticos sobre as cadeias produtivas, atuou no mapeamento participativo e levantou dados socioeconômicos das UCs Floresta Tapauá, Floresta de Canutama e Resex de Canutama;

Áttema Design Editorial: contribuiu com a identidade visual dos elementos de comunicação da Iniciativa gerando modelos para relatórios, apresentações e camisetas, até a montagem de um site para comunicação interna e divulgação;

Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM): contratado para realizar o levantamento de dados e análise do potencial florestal das Florestas de Canutama e Tapauá, assim como mapear e analisar as oportunidades existentes em todas as UCs da IPUMA para o desenvolvimento de projetos e atividades de mitigação de mudanças climáticas e pagamentos por serviços ambientais.


Foto: Fernanda Preto/IPUMA/2010. Transporte da Equipe de
 Socioeconomia na BR-319.


Foto: Fernanda Preto/IPUMA/2010. Transporte da Equipe
de Socioeconomia na BR-319.

O que já foi realizado

A somatória dos esforços de todos geraram um grande volume de experiências, dados, relatórios e fotografias para uma enormidade de aspectos que envolve um trabalho de campo dessa magnitude (2,6 milhões de hectares). Uma das formas de retratar o que já foi feito é realizando um cruzamento entre o que está estabelecido no roteiro metodológico para a elaboração de planos de gestão do estado do Amazonas e o planejamento de atividades concebido para a Iniciativa. De posse dessas duas referências, fica mais fácil dar uma visão geral sobre a atual fase de Implementação do Projeto IPUMA e sua etapas de trabalho:

1) Fase de Pré-Planejamento - realizado
a. Nivelamento entre os parceiros e prestadores de serviços
b. Pré-produção e Oficina de pré-planejamento
c. Seminário geral

2) Diagnóstico – realizado
a. Inventários socioeconômicos
b. Inventários abióticos e bióticos
c. Inventários florestais.

3) Planejamento - iniciado
a. Participativo – OPPs* – 57% realizado
b. Técnico – Oficinas Técnicas – a ser realizado.

4) Finalização – a ser realizado.
a. Planos e minutas de decreto dos Conselhos;
b. Análise de comentários das consultas públicas;
c. Produtos finais.

* É Importante esclarecer que as OPPs da Floresta de Tapauá e das UCs de Matupiri não foram realizadas por realidades específicas de cada uma. Em Tapauá, encontramos uma condição de completa desmobilização social, dispersão geográfica e baixíssimo nível educacional. Esses indicadores nos fizeram recomendar ao órgão gestor que o mais apropriado seria reforçar o trabalho de base antes de prosseguir com uma OPP. Na região das UCs de Matupiri, pela ausência de pessoas nas UCs, optamos por discutir o assunto com o CEUC e encaminhar a questão de forma integrada – nesse caso, estamos construindo uma proposta para o estabelecimento dos Conselhos Gestores a partir de Manaus, mas com uma representatividade consultiva no Igapó-açu e em Borba.


Foto: Adriano Gambarini/IPUMA/2010. Na foto,
Dr. Júlio Cesar Dalponte, Coordenador de Mastofauna e
AER entrevistando comunitário em um dos
acampamentos de apoio às pesquisas de campo.


Foto: Adriano Gambarini/IPUMA/2010. Na foto, o Biólogo
Eduardo Prata e o Parataxônomo Sebastião Salvino
em um dos acampamentos de apoio às pesquisas de campo.

Foto: Adriano Gambarini/IPUMA/2010. Na foto,
o Prof. Paulo Bernardes da UFAC. Diagnóstico de herpetofauna.

O que ainda deve ser feito

As UCs situadas na área de influência da BR-319 tem a missão de conter a pressão sobre o meio ambiente decorrente do possível asfaltamento da rodovia. A próxima fase da IPUMA estará fundamentalmente direcionada a apresentar às comunidades de cada UC as propostas de zoneamentos elaboradas com base nos diagnósticos de campo e discussões técnicas com o órgão gestor. Dessa mediação será elaborado o zoneamento de cada área.

As Oficinas de Planejamento Participativo (OPPs) e as discussões sobre as representações para a constituição de cada Conselho Gestor pressupõem uma forte mobilização comunitária. O que é muito importante, mas nem sempre é realizado. Acreditamos que a valorização, respeito e uma correta orientação às visões das comunidades sobre o modo como elas entendem e se apropriam dos recursos naturais dos seus territórios é de fundamental importância para a sustentabilidade social das UCs. Sem esse pressuposto, os principais aliados (que vivem o dia-a-dia da UC e estão presentes nos lugares de mais difícil acesso e que de fato são os que exercem a conservação da UC) não serão parceiros para a conservação da UC e da manutenção da sua qualidade ambiental no futuro.



Foto: IPA/IPUMA/2010. Na foto, Carlos Sérgio Guimarães,
Secretário-Executivo do IPA, identificando o potencial
extrativista e exercitando o mapeamento participativo.
Local: Rio Jacaré, Floreta de Tapauá/AM



Foto: Fernanda Preto/IPUMA/2010. Na foto, uma das Coordenadoras
de Socioeconomia, Jarine Reis, em atividade de mobilização social
 na comunidade do Igapó-açu/AM.




Foto: IPA/IPUMA/2010. Na foto, Leila Matos do IPA,
uma das Coordenadoras de Socioeconomia,
em atividade de mobilização social. Local:
Floresta de Canutama/AM.



Espero que tenham gostado do relato.
Estamos a sua disposição para mais informações sobre esse trabalho.
Um abraço a todos,
Fernando Vasconcelos
Aimárá Gestão Ambiental
Diretor-Executivo