terça-feira, 22 de maio de 2012

Economia Verde, Redução de Custos e as Empresas Brasileiras: oportunidades

Às vésperas da Rio + 20 (Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável prevista para meados de junho de 2012, no Rio de Janeiro), algumas empresas ainda tem pouco conhecimento sobre algo que está no seu dia-a-dia: o gerenciamento do consumo de matérias-primas e o descarte responsável de resíduos.

Por outro lado, a legislação nacional que cuida do meio ambiente e do uso dos recursos naturais avança rápido e cobra novos cuidados e procedimentos administrativos, ou mesmo de licenciamento ambiental, além de resultados produtivos menos poluentes.

Vale considerar, também, que independente do avanço dos aspectos legais e até da capacidade de resposta das empresas, a consciência dos consumidores tem crescido e isso já faz diferença no sucesso dos empreendimentos. Mas como agir se a correria e as dificuldades do dia-a-dia dos negócios não permitem respostas tão rápidas quanto o que seria desejável ou até necessário?


Foto 01 (FVasconcelos, 2006): Campanhas na hotelaria:
educação passiva não traz bons resultados
Em recente pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) constatou-se que 81% das micro e pequenas empresas brasileiras ignoram os possíveis resultados da Rio+20. Isso não significa falta de compromisso ou de responsabilidade social. Muito provavelmente isso se deve ao desconhecimento ou pela falta de condições técnicas disponíveis para agir e, então, internalizar ganhos de toda ordem com a redução de desperdícios.

É fato que nos dias de hoje já não é preciso discorrer sobre como novas e simples tecnologias aliadas à educação ambiental focada para funcionários são capazes de trazer reduções significativas de custos operacionais, ganhos de produtividade e de imagem imediatos para os negócios. Mas se a questão ambiental ou uma postura empresarial responsável no trato com os recursos naturais ainda está aparentemente separada do mundo cotidiano e se os conceitos utilizados para tratar de meio ambiente estão longe de ser de domínio público, fica muito difícil para os dirigentes das empresas internalizarem e trabalharem com um dos temas principais da conferência Rio+20: a economia verde.



Foto 02 (FVasconcelos, 2005): Chaves convencionais e eletrônicas: o hóspode não pode ser perdulário, nem a administração dos hotéis.

Mas, então, quem se propõe a fazer a conexão entre empresas e meio ambiente?

“Economia verde” é mais um conceito que recentemente foi aberto ao debate público. Já chama muita atenção nesses momentos que antecede a Rio+20 e deverá mobilizar muito mais holofotes nos momentos que se seguirão. Por si só, esse debate terá um efeito educativo amplo e muito positivo para o mundo dos negócios. Para toda a sociedade.

Mas só o debate e a difusão do conceito de “economia verde” não bastam para a mudança de patamar do nosso nefasto e insustentável processo de desenvolvimento.

Enquanto o detalhamento do novo conceito não vem, vamos reconhecer que referências para uma produção mais sustentável já estavam, e estão, disponíveis. As empresas, independente do seu porte, há muito tempo têm na Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ISO 14.001, que trata dos procedimentos para a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental, os passos para se tornarem mais sustentáveis, reduzindo seus custos e, principalmente, estabelecendo metas e agindo para eliminar o consumo perdulário de matérias primas e recursos naturais. Ressalta-se que as empresas que adotam essa Norma voluntária em muito superam os requisitos de licenciamento ambiental, independente do estado da federação.

E se o contexto internacional associado à Norma e seus altos custos de certificação e de manutenção de certificação espantam os empresários, o papel do SEBRAE preenche uma lacuna importante. Traduzindo conceitos do jargão ambiental para ações que visam o aumento da competitividade empresarial, como a redução do consumo de matérias primas, a melhor eficiência energética e a menor geração de resíduos, o SEBRAE tem mostrado o passo-a-passo do caminho do aumento da sustentabilidade e consequentes ganhos de produtividade no ambiente de negócios.


 
Foto 03 (FVasconcelos, 2005): ‘boiler/aquecedores’: vilões do consumo de energia
Muito ainda há que ser feito. E a Rio+20 e o novo conceito de economia verde devem contribuir de maneira significativa para um aumento da consciência ambiental no Brasil – que já é significativa se comparada a vários países do mundo – e por sua vez, para pressionar o ambiente produtivo e suas práticas.

A Aimará Gestão Ambiental tem trabalhado para oferecendo soluções para a redução de custos operacionais, melhoria de imagem e melhoria de desempenho ambiental no setor empresarial. E, também, para um mundo melhor! Consulte-nos para um diagnóstico corporativo de melhoria de desempenho e redução de custos operacionais.

(Esclarecendo, o que se chama de economia verde ainda é um conceito geral sustentado em três pilares: uma economia menos dependente de energia fóssil; mais eficiente no uso de recursos naturais; e socialmente mais inclusiva (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, 2012).)

Fernando Vasconcelos é especialista em Gestão Ambiental e Diretor-Executivo da empresa Aimará Gestão Ambiental, credenciada pelo SEBRAE-DF.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Unidades de Conservação ao Longo da Rodovia BR-319: planos de gestão e conselhos gestores.

O Contexto de Criação das UCs estaduais do Amazonas ao longo da BR-319

Como parte dos compromissos entre o governo federal e o estadual para a retomada do asfaltamento da rodovia BR-319, medidas mitigadoras dos impactos potenciais dessa obra foram estabelecidas em conjunto com os órgãos ambientais de licenciamento. Um dos resultados desses entendimentos foi que ao final de março de 2009, o governo do estado do Amazonas criaria seis novas unidades de conservação (UC) situadas na área de influência da BR-319. Assim, o estado criou a Floresta Estadual de Canutama, a Reserva Extrativista de Canutama, a Floresta Estadual de Tapauá, o Parque Estadual do Matupiri, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Matupiri e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Igapó-Açú. Essa iniciativa estava prevista no Plano Integrado de Proteção e Implementação de UCs da rodovia. Por sua vez, o Plano foi uma exigência do Ministério do Meio Ambiente para o processo de licenciamento ambiental da BR 319.

Vale considerar que a rodovia não tem a licença ambiental do IBAMA para seu asfaltamento. Mas independente disso, as UCs já estão criadas desde 2009. A RDS Rio Madeira desde 2006. Nosso entendimento sobre essa questão foi de apoiar o fortalecimento das unidades de conservação e deixá-las preparadas da melhor forma possível para combater tentativas de desmatamento que já se avizinham.

Figura 01. Mapa de localização das UCs do IPUMA.
(destaque em rosa e verde para a RDS Rio Madeira)

Fonte: SDS/AM, 2009.

O Surgimento da Iniciativa Purus-Madeira (IPUMA)

A Iniciativa Purus-Madeira nasce a partir da necessidade do estado do Amazonas de implementar as novas unidades, além das que já existiam naquela região, e assim, o escopo de trabalho da IPUMA foi desenhado para atender o objetivo de se elaborar 7 planos de gestão, propor 6 conselhos gestores e elaborar um plano de monitoramento para 7 UCs localizadas no interflúvio dos Rios Purus e Madeira e, obviamente, situadas na mesma área de influência da BR-319.

Para tanto, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS/AM) contratou a Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera para dar início ao processo assumindo a execução orçamentária e montando a equipe da IPUMA. Em seguida foram contratados 18 bolsistas (basicamente pesquisadores por grupo taxonômico), além de outras 4 instituições, como se segue:

Aimará Gestão Ambiental: contribuiu com o diagnóstico sobre as potencialidades do uso público, com foco no turismo, para todas as UCs; na supervisão técnica financeira de todos os 18 contratos de bolsistas e instituições parceiras; com o fornecimento de insumos em geotecnologia e mapeamento participativo (com apoio da Mapsmut); no relacionamento estratégico com os chefes das unidades de conservação, dirigentes do Centro Estadual de Unidades de Conservação e das instituições parceiras; e, também, com a logística geral das atividades de campo;

Instituto Pacto Amazônico (IPA): realizou diagnósticos sobre as cadeias produtivas, atuou no mapeamento participativo e levantou dados socioeconômicos das UCs Floresta Tapauá, Floresta de Canutama e Resex de Canutama;

Áttema Design Editorial: contribuiu com a identidade visual dos elementos de comunicação da Iniciativa gerando modelos para relatórios, apresentações e camisetas, até a montagem de um site para comunicação interna e divulgação;

Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM): contratado para realizar o levantamento de dados e análise do potencial florestal das Florestas de Canutama e Tapauá, assim como mapear e analisar as oportunidades existentes em todas as UCs da IPUMA para o desenvolvimento de projetos e atividades de mitigação de mudanças climáticas e pagamentos por serviços ambientais.


Foto: Fernanda Preto/IPUMA/2010. Transporte da Equipe de
 Socioeconomia na BR-319.


Foto: Fernanda Preto/IPUMA/2010. Transporte da Equipe
de Socioeconomia na BR-319.

O que já foi realizado

A somatória dos esforços de todos geraram um grande volume de experiências, dados, relatórios e fotografias para uma enormidade de aspectos que envolve um trabalho de campo dessa magnitude (2,6 milhões de hectares). Uma das formas de retratar o que já foi feito é realizando um cruzamento entre o que está estabelecido no roteiro metodológico para a elaboração de planos de gestão do estado do Amazonas e o planejamento de atividades concebido para a Iniciativa. De posse dessas duas referências, fica mais fácil dar uma visão geral sobre a atual fase de Implementação do Projeto IPUMA e sua etapas de trabalho:

1) Fase de Pré-Planejamento - realizado
a. Nivelamento entre os parceiros e prestadores de serviços
b. Pré-produção e Oficina de pré-planejamento
c. Seminário geral

2) Diagnóstico – realizado
a. Inventários socioeconômicos
b. Inventários abióticos e bióticos
c. Inventários florestais.

3) Planejamento - iniciado
a. Participativo – OPPs* – 57% realizado
b. Técnico – Oficinas Técnicas – a ser realizado.

4) Finalização – a ser realizado.
a. Planos e minutas de decreto dos Conselhos;
b. Análise de comentários das consultas públicas;
c. Produtos finais.

* É Importante esclarecer que as OPPs da Floresta de Tapauá e das UCs de Matupiri não foram realizadas por realidades específicas de cada uma. Em Tapauá, encontramos uma condição de completa desmobilização social, dispersão geográfica e baixíssimo nível educacional. Esses indicadores nos fizeram recomendar ao órgão gestor que o mais apropriado seria reforçar o trabalho de base antes de prosseguir com uma OPP. Na região das UCs de Matupiri, pela ausência de pessoas nas UCs, optamos por discutir o assunto com o CEUC e encaminhar a questão de forma integrada – nesse caso, estamos construindo uma proposta para o estabelecimento dos Conselhos Gestores a partir de Manaus, mas com uma representatividade consultiva no Igapó-açu e em Borba.


Foto: Adriano Gambarini/IPUMA/2010. Na foto,
Dr. Júlio Cesar Dalponte, Coordenador de Mastofauna e
AER entrevistando comunitário em um dos
acampamentos de apoio às pesquisas de campo.


Foto: Adriano Gambarini/IPUMA/2010. Na foto, o Biólogo
Eduardo Prata e o Parataxônomo Sebastião Salvino
em um dos acampamentos de apoio às pesquisas de campo.

Foto: Adriano Gambarini/IPUMA/2010. Na foto,
o Prof. Paulo Bernardes da UFAC. Diagnóstico de herpetofauna.

O que ainda deve ser feito

As UCs situadas na área de influência da BR-319 tem a missão de conter a pressão sobre o meio ambiente decorrente do possível asfaltamento da rodovia. A próxima fase da IPUMA estará fundamentalmente direcionada a apresentar às comunidades de cada UC as propostas de zoneamentos elaboradas com base nos diagnósticos de campo e discussões técnicas com o órgão gestor. Dessa mediação será elaborado o zoneamento de cada área.

As Oficinas de Planejamento Participativo (OPPs) e as discussões sobre as representações para a constituição de cada Conselho Gestor pressupõem uma forte mobilização comunitária. O que é muito importante, mas nem sempre é realizado. Acreditamos que a valorização, respeito e uma correta orientação às visões das comunidades sobre o modo como elas entendem e se apropriam dos recursos naturais dos seus territórios é de fundamental importância para a sustentabilidade social das UCs. Sem esse pressuposto, os principais aliados (que vivem o dia-a-dia da UC e estão presentes nos lugares de mais difícil acesso e que de fato são os que exercem a conservação da UC) não serão parceiros para a conservação da UC e da manutenção da sua qualidade ambiental no futuro.



Foto: IPA/IPUMA/2010. Na foto, Carlos Sérgio Guimarães,
Secretário-Executivo do IPA, identificando o potencial
extrativista e exercitando o mapeamento participativo.
Local: Rio Jacaré, Floreta de Tapauá/AM



Foto: Fernanda Preto/IPUMA/2010. Na foto, uma das Coordenadoras
de Socioeconomia, Jarine Reis, em atividade de mobilização social
 na comunidade do Igapó-açu/AM.




Foto: IPA/IPUMA/2010. Na foto, Leila Matos do IPA,
uma das Coordenadoras de Socioeconomia,
em atividade de mobilização social. Local:
Floresta de Canutama/AM.



Espero que tenham gostado do relato.
Estamos a sua disposição para mais informações sobre esse trabalho.
Um abraço a todos,
Fernando Vasconcelos
Aimárá Gestão Ambiental
Diretor-Executivo

domingo, 19 de dezembro de 2010

Reconhecimento e Implementação de Mosaico de Áreas Protegidas

Prezados Amigos,

Tenho a satisfação de apoiar e compartilhar com vocês o trabalho recém concluído e organizado pelo amigo Marcos Roberto Pinheiro, com apoio da GTZ, KfW, ASHOKA, Critical Ecosystem Partnership Fund e Embaixada da França. O resultado dessa mobilização é uma publicação que, sem dúvida, estabelece um marco na história da conservação ambiental brasileira e, mais ainda, especificamente, avança em muito sobre a discussão de mosaico de unidades de conservação graças a Agenda Integrada entre Valor Natural, Conservação Internacional do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Associação Mico-Leão-Dourado, Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Cooperação Franco-Brasileira para as Áreas Protegidas, Cooperação Técnica Alemã (GTZ no Brasil) e WWF-Brasil.

Além de agregar as conclusões de vários encontros, oficinas de trabalho e discussões virtuais, o livro incorpora a experiência da gestão de áreas protegidas em mosaicos tanto pela ótica pública quanto pela ótica não governamental entre os anos de 2005 e 2010.

Conversando com o Marcos Pinheiro sobre o assunto, vejo nele uma vontade enorme para dar continuidade ao processo de discussão em 2011. E para tanto, seus comentários serão muito bem vindos!
Acesse o link e boa leitura:

http://www.4shared.com/document/RP9cqACD/Recomendacoes_Mosaicos_Divulga.html

Fernando Vasconcelos
Diretor-Executivo
Aimará Gestão Ambiental

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ecoturismo e a gestão de áreas especialmente protegidas: as comunidades participando do desenvolvimento local

Amigos, nesses últimos dias nos dedicamos, também, a refletir sobre o turismo, especialmente o ecoturismo, e algumas importantes interfaces que se estabelecem com as áreas protegidas, a gestão de territórios especialmente protegidos ou sob regime especial de administração e sobre a necessária infraestrutura de acesso. Sobre a infraestrutra, demos foco nas estradas-parque.


Nosso trabalho passou por uma revisão conceitual, por uma caracterização do perfil do ecoturista que tem o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) como principal motivador da visita e pela verificação do estado atual de implementação dos mecanismos de gestão das estradas-parque no Brasil. Realizada essa abordagem geral, aprofundamos o olhar em direção a um estudo de caso, a Estrada-parque (EP) Alto Paraíso – Colinas do Sul (rodovia GO – 239), situada no norte do estado de Goiás e que se constitui no principal acesso ao PNCV.

O resultado do trabalho foi enviado na forma de artigo científico ao Ministério do Turismo visando o 5º Salão do Turismo e deverá estar disponível no nosso blog em breve. Neste momento, gostaria de destacar que nos detivemos bastante na idéia de que para essas áreas a serem especialmente gerenciadas, sejam unidades de conservação ou estradas-parque, a efetivação de um competente mecanismo de gestão é fundamental!

E para nossa discussão, coube um empréstimo metodológico e de diretrizes das ciências sociais, pois entendemos que os princípios de inclusão e de democracia-participativa somente valorizam a administração desses espaços de uso público, assim como, inserem as comunidades locais na discussão sobre as prioridades de ação. Essa inclusão social acaba permitindo que todos os envolvidos participem de um processo de educação ambiental prático. A existência da unidade de conservação ou de uma EP pode passar a ser entendida como responsável por uma série de impactos positivos e potencialmente positivos, como foi verificado na EP Alto Paraíso – Colinas do Sul. Também por isso  merece ser protegida.

Para a EP em discussão, entendemos que essa participação social dever ser integrada, também, por segmentos do trade turístico. Sem dúvida! O perfil do ecoturista da região promete ganhos promissores aos empreendimentos já presentes e futuros. E um conselho gestor, pode ser a origem de outros espaços de negociação que viabilizem a execução de projetos em parceria entre governo e sociedade.

E você? O que você pensa sobre as estradas-parque?

Caso tenha interesse, solicite o envio da versão eletrônica do artigo científico. Teremos prazer em enviar e nos aprofundar nesse debate.

Um abraço a todos,
Fernando Vasconcelos
Aimárá Gestão Ambiental
Diretor